Psicanálise e adolescência

Como manter o controle psicológico em momentos de adversidade.

PSICANÁLISE

Luciano Melo.

12/29/20252 min read

Mantendo o controle.

Sabemos como pode ser difícil lidar com pensamentos intrusivos, rituais ou sintomas que continuam aparecendo mesmo enquanto estamos tomando medicação. É importante lembrar que a medicação é um apoio, mas não resolve tudo sozinha; o trabalho principal depende de nós e das atitudes que adotamos no dia a dia.

Muitas vezes, esses pensamentos ou comportamentos repetitivos se mantêm porque acabamos reforçando-os inconscientemente ao entrar em ciclos de rotina desgastante e pensamentos automáticos. Quando permanecemos presos a padrões repetitivos, eles acabam alimentando ansiedade, depressão, TOC e nosso próprio desconforto mental, criando um ciclo difícil de quebrar sozinho.

Por isso, é fundamental que começamos a agir de forma diferente, mesmo que seja aos poucos. Algumas estratégias que podemos adotar incluem:

1. Observação consciente

  • Perceber quando o pensamento surge e não nos engajar nele, apenas observando sem julgar.

  • Nomear o pensamento mentalmente, por exemplo: “Esse é um pensamento intrusivo, não preciso agir sobre ele agora.”

2. Técnicas de distração e substituição

  • Realizar atividades que exijam atenção, como ler, escrever, desenhar ou tarefas manuais.

  • Praticar exercícios físicos leves, caminhada ou alongamento, que ajudam a quebrar o ciclo mental repetitivo.

  • Usar técnicas de mindfulness ou respiração profunda para trazer o foco para o corpo e o presente, diminuindo a intensidade da ansiedade.

3. Exposição gradual

  • Quando os rituais ou pensamentos repetitivos surgirem, tentamos resistir gradualmente, deixando de executar pequenas partes do ritual e aumentando progressivamente nossa tolerância à ansiedade.

  • Registrar esses momentos em um diário, para analisar padrões e observar progressos.

4. Planejamento de pequenas pausas

  • Inserir intervalos programados ao longo do dia para realizar algo diferente da rotina repetitiva.

  • Essas pausas ajudam a criar novos caminhos mentais, evitando que os pensamentos se retroalimentem.

5. Externalização

  • Escrever os pensamentos intrusivos e rituais em um papel e depois “deixar no papel”, como uma forma simbólica de tirá-los da mente.

  • Trazer esses registros para a sessão terapêutica, permitindo que trabalhemos juntos na interpretação e elaboração desses conteúdos.

Lembremos: somos parte ativa do nosso processo terapêutico. Nenhuma medicação ou intervenção externa fará o trabalho que só nós podemos fazer, que é mudar a forma como reagimos aos pensamentos e ressignificar padrões repetitivos.

Cada passo que damos, por menor que pareça, é uma conquista importante no caminho de recuperar controle sobre nossa mente e nossa vida. Com prática, paciência e apoio terapêutico, podemos reduzir a intensidade desses sintomas e fortalecer nossa capacidade de lidar com eles.